Com a evolução tecnológica ocorrida nos últimos anos e o aumento
dos níveis de ruído, especialmente em meios urbanos e suburbanos, associada à
crescente necessidade de conforto, a proteção acústica dos edifícios, como
forma de garantir um adequado conforto acústico no seu interior, assume uma
importância cada vez maior nos dias de hoje. De um modo geral, esta proteção
acústica, pode ser concretizada através da atuação articulada segundo quatro
vertentes da acústica: o isolamento a sons aéreos, quer entre espaços
interiores, quer entre o exterior e o interior dos edifícios; o isolamento de
ruídos de percussão, transmitidos por via sólida, provenientes essencialmente
do interior dos edifícios; o condicionamento acústico interior; e a minimização
do ruído e vibrações produzidos por equipamentos mecânicos do edifício.
O isolamento acústico, a sons aéreos, entre dois compartimentos,
depende não só do elemento de separação direto, em compartimentos contíguos,
como da restante envolvente de cada compartimento. O aumento de isolamento pode
ser conseguido, entre outras formas, através do aumento da massa e/ou da
criação de elementos com duas ou mais camadas, sem ligação rígida entre si.
A transmissão de sons de percussão depende das transmissões
diretas (no caso de transmissão descendente, entre compartimentos adjacentes),
bem como das transmissões marginais, através dos elementos adjacentes. De uma
forma geral, a minimização do ruído transmitido por esta via pode ser
conseguida, de forma bastante eficaz, através da utilização de revestimentos de
piso flexíveis ou de pavimentos flutuantes aplicados sobre camada resiliente.
O estudo do condicionamento acústico interior, de um espaço
fechado, depende sobretudo da geometria do espaço, do tipo de revestimentos
interiores e do recheio (mobiliário e ocupação), e visa a obtenção de um
ambiente acústico adequado ao seu volume e às suas funções e/ou o controlo de
ruído no seu interior.
A minimização do ruído e vibrações produzidos por equipamentos
mecânicos, do próprio edifício onde se encontram locais recetores a proteger,
acaba por estar muito dependente das vertentes anteriormente indicadas, no
entanto, é muitas vezes prioritária a minimização da transmissão de vibrações
por via estrutural e o controlo da transmissão ruído por via aérea, através de
condutas ou através do meio exterior. A minimização das vibrações, à
semelhança do isolamento de ruídos de percussão, pode ser conseguida através da
aplicação de elementos resilientes e/ou de plataformas flutuantes sob os
equipamentos, mas, neste caso, com necessidade de aplicação de espessuras muito
superiores às utilizadas para controlar a transmissão de ruídos de percussão
(da ordem de 10 vezes superior). O controlo do ruído transmitido por via aérea
diretamente através de condutas ou pelo exterior, pode ser concretizado
através da aplicação respetivamente de atenuadores sonoros, em condutas, e de
barreiras acústicas fonoabsorventes, na envolvente das fontes de ruído
(equipamentos).
Interessa no entanto realçar que estas soluções, em muitos casos,
constituem apenas ideias e esquemas de princípio das possíveis soluções a
adotar, e que, na generalidade dos casos, é necessário uma avaliação acústica
detalhada, por técnicos que dominem a área, com uma maior pormenorização e
adaptação das soluções a implementar. Refira-se que, a obtenção de condições
acústicas adequadas passa pela adoção de soluções construtivas apropriadas, no
entanto, a compatibilização com as condicionantes existentes e a correta
execução em obra são normalmente decisivas. Uma solução de previsível elevado
desempenho acústico pode resultar num fracasso, se forem cometidos erros de
execução, mesmo que de pequeníssima dimensão.
A avaliação acústica, essencial na procura das anomalias
existentes nos edifícios ou partes de edifícios a reabilitar, exige muitas
vezes um complemento experimental em loco, através de medições acústicas.
Efetivamente, para a generalidade dos casos, só é possível uma correta
avaliação das insuficiências acústicas e a posterior escolha da solução de reabilitação
mais adequada, após a realização de medições acústicas, que hoje em dia acabam
por não constituir grande entrave, uma vez que é elevado o número de
laboratórios de medição existentes no país, sendo o custo relativamente
reduzido. Chama-se no entanto à atenção, para a necessidade de uma criteriosa
escolha dos técnicos e/ou das empresas a envolver neste processo de avaliação e
de resolução de insuficiências acústicas, uma vez que se trata de uma área
complexa e onde a formação dos técnicos que prestam serviços nesta área é
muitas vezes insuficiente.
Sem comentários:
Enviar um comentário