quarta-feira, 23 de novembro de 2016

Anomalias em elementos de compartimentação interior

A deteção de anomalias ou de insuficiências acústicas no interior dos edifícios habitacio­nais, depois destes se encontrarem em utilização, pode ser realizada pelos próprios mora­dores e depois eventualmente interpretada e avaliada de forma mais detalhada por técnico desta área. Contudo, a correta avaliação, para posterior correção das insuficiências acústicas, exige muitas vezes o recurso a medições acústicas (geralmente de ruído e/ou de isolamento a sons aéreos e de percussão), e em alguns ca­sos, nomeadamente quando existem pontos fracos de isolamento, exige ainda condições de ensaio muito específicas, por vezes não normalizadas, e que devem ser acompanhadas por técnicos devidamente habilitados para o efeito.
Nas avaliações efetuadas com recurso a medições acústicas é frequente detetar-se incum­primento face aos requisitos legais atualmente aplicáveis, nos índices de isolamento a sons aéreos e a sons de percussão entre habitações e entre espaços comuns e habita­ções. Quando existe uma política de boa vizinhança, estas insuficiências são muitas vezes atenuadas por cuidados acrescidos por parte dos utilizadores (por exemplo, utilizando cal­çado que minimiza a produção de ruído, como chinelos ou pantufas, e evitando a produção de ruído quando sabem que podem incomodar o vizinho). No entanto, nem sempre se ve­rifica este uso cuidado das habitações, surgindo frequentemente reclamações a este nível, que na maioria das vezes tem fundamento e são consequência das insuficiências referidas. 
Insuficiência de isolamento sonoro entre habitações de pisos adjacentes
Descrição/formas de manifestação
Insuficiências de isolamento a sons aéreos: audição por vezes perfeita, de conversas ou de aparelhos de televisão ou rádio, bem como de outros ruídos produzidos no interior da habitação.

Insuficiências de isolamento a sons de percussão: sons produzidos pelo arrastar de mobiliário, pela queda de objetos sobre o pavimento, pelo caminhar de pessoas (em particular com calçado de saltos altos) ou animais, pelo varrer de uma vassoura, pelo ligar e desligar de interruptores (neste caso a forma mais simples de resolução passa por alterar as condições de fixação dos interruptores).
Observações: Existem contudo situações em que fortes insuficiências de isolamen­to a sons aéreos podem originar um agravamento dos problemas relacionados com a transmissão de ruídos de percussão.
Causas comuns
Insuficiências de isolamento a sons aéreos:
Reduzida massa das lajes de piso, particularmente quando estas possuem ele­mentos de aligeiramento embutidos, como acontece nas lajes de vigotas pré­-esforçadas com aligeiramento através de abobadilhas (solução muito comum em edifícios construídos na segunda metade do século passado);
Existência de atravessamentos da laje, através de chaminés, em salas, ou de coretes (por vezes não visíveis), para ventilação ou passagem de cablagem, condutas e tubos de queda.
Insuficiências de isolamento a sons de percussão:
Utilização de revestimentos de piso rígidos (em pedra, cerâmicos ou madeira) rigidamente ligados à laje de piso (sem a existência de uma camada resiliente a fazer a separação), que acontece na generalidade dos edifícios construídos sensivelmente até meados da primeira década deste século.
Observações: Em edifícios construídos recentemente, grande parte das betonilhas de enchimento de piso já foram executadas com uma camada resiliente entre a laje e a betonilha de enchimento (vulgarmente designada de tela acústica), mas é muito frequente a existência de pequenos defeitos de execução, que acabam por eliminar quase por completo a contribuição da camada resiliente.

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