A deteção de anomalias ou de insuficiências acústicas no interior
dos edifícios habitacionais, depois destes se encontrarem em utilização, pode
ser realizada pelos próprios moradores e depois eventualmente interpretada e
avaliada de forma mais detalhada por técnico desta área. Contudo, a correta
avaliação, para posterior correção das insuficiências acústicas, exige muitas vezes
o recurso a medições acústicas (geralmente de ruído e/ou de isolamento a sons
aéreos e de percussão), e em alguns casos, nomeadamente quando existem pontos
fracos de isolamento, exige ainda condições de ensaio muito específicas, por
vezes não normalizadas, e que devem ser acompanhadas por técnicos devidamente
habilitados para o efeito.
Nas avaliações efetuadas com recurso a medições acústicas é
frequente detetar-se incumprimento face aos requisitos legais atualmente
aplicáveis, nos índices de isolamento a sons aéreos e a sons de percussão entre
habitações e entre espaços comuns e habitações. Quando existe uma política de
boa vizinhança, estas insuficiências são muitas vezes atenuadas por cuidados
acrescidos por parte dos utilizadores (por exemplo, utilizando calçado que
minimiza a produção de ruído, como chinelos ou pantufas, e evitando a produção
de ruído quando sabem que podem incomodar o vizinho). No entanto, nem sempre se
verifica este uso cuidado das habitações, surgindo frequentemente reclamações
a este nível, que na maioria das vezes tem fundamento e são consequência das
insuficiências referidas.
Insuficiência
de isolamento sonoro entre habitações de pisos adjacentes
Descrição/formas de manifestação
Insuficiências de isolamento a sons aéreos: audição por vezes perfeita, de conversas ou de aparelhos de
televisão ou rádio, bem como de outros ruídos produzidos no interior da
habitação.
Insuficiências de isolamento a sons de percussão: sons produzidos pelo arrastar de mobiliário, pela queda de objetos
sobre o pavimento, pelo caminhar de pessoas (em particular com calçado de saltos
altos) ou animais, pelo varrer de uma vassoura, pelo ligar e desligar de
interruptores (neste caso a forma mais simples de resolução passa por alterar
as condições de fixação dos interruptores).
Observações: Existem contudo situações em
que fortes insuficiências de isolamento a sons aéreos podem originar um
agravamento dos problemas relacionados com a transmissão de ruídos de
percussão.
Causas comuns
Insuficiências de isolamento a sons aéreos:
Reduzida massa das lajes de piso, particularmente quando estas
possuem elementos de aligeiramento embutidos, como acontece nas lajes de
vigotas pré-esforçadas com aligeiramento através de abobadilhas (solução muito
comum em edifícios construídos na segunda metade do século passado);
Existência de atravessamentos da laje, através de chaminés, em
salas, ou de coretes (por vezes não visíveis), para ventilação ou passagem de
cablagem, condutas e tubos de queda.
Insuficiências de isolamento a sons de percussão:
Utilização de revestimentos de piso rígidos (em pedra, cerâmicos
ou madeira) rigidamente ligados à laje de piso (sem a existência de uma camada
resiliente a fazer a separação), que acontece na generalidade dos edifícios
construídos sensivelmente até meados da primeira década deste século.
Observações: Em edifícios construídos
recentemente, grande parte das betonilhas de enchimento de piso já foram
executadas com uma camada resiliente entre a laje e a betonilha de enchimento
(vulgarmente designada de tela acústica), mas é muito frequente a existência de
pequenos defeitos de execução, que acabam por eliminar quase por completo a contribuição
da camada resiliente.
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