segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

Acústica - Soluções construtivas 3 - Paredes simples de alvenaria de tijolo cerâmico furado com reboco

Sound reduction index - Parede de tijolo 11 com 2+2cm de reboco - Rw  (C; Ctr) = 42 (-1;-4) dB
Sound reduction index - Parede de tijolo 15 com 2+2cm de reboco - Rw  (C; Ctr) = 44 (-2;-5) dB
Sound reduction index - Parede de tijolo 20 com 2+2cm de reboco - Rw  (C; Ctr) = 46 (-1;-5) dB


Acústica de Edifício

segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Acústica - Soluções construtivas 2 - Janela em vidro duplo 4(14)6


Determinação do Índice de redução sonora Rw de uma janela de vidro duplo composta por vidro simples 4mm+ caixa de ar 14mm+ vidro simples 6mm.


Rw (C;Ctr) = 38 (-2;-6).
Acústica de edifícios

Acústica - Soluções construtivas 1 - tectos falsos


Execução de tecto falso de reforço, constituído por duas placas de gesso cartonado sobrepostas, de 15 + 15 mm de espessura, em sanduíche com uma membrana elastómera autoadesiva do tipo  "TECSOUND SY70 da Texsa", (BA15+TECSOUND+BA15), suspenso à laje através de apoios antivibratórios, com caixa de ar semi-preenchida com 5cm de lã mineral de 70 Kg/m3.

Acústica de Edifícios

quarta-feira, 23 de novembro de 2016

Insuficiência de isolamento sonoro entre habitações do mesmo piso - soluções de reabilitação acústica 4

Reforço de isolamento de pontos singulares de fraco isolamento (coretes)

Para situações que apresentem pontos singulares de fraco isolamento motivados pela interrup­ção do elemento constituinte de paredes (como passagem de tubagem de esgoto, ventilação, etc.), deverá proceder-se ao reforço das zonas de parede onde aqueles ocorrem (Figura seguinte).

Aplicação
O reforço poderá ser efetuado através da aplicação de elemento sanduíche, cons­tituído por material fonoabsorvente e por duas placas de gesso cartonado sobre­postas (12,5 + 12,5 mm). O material fonoabsorvente poderá ser aplicado entre os montantes de fixação das placas de gesso cartonado.

No caso de coretes, de atravessamento entre pisos, mas com parcial ocupação da parede de separação entre habitações, poderá ser aplicada a solução esquematiza­da no artigo  Anomalias emelementos de compartimentação interior - Soluções de reabilitação 6.

 

Para o caso de chaminés, com ocupação parcial da parede de separação entre ha­bitações, a solução é geralmente mais complicada, e pode passar pela demolição parcial da chaminé, pela reconstrução da parede de separação e ainda pela reposi­ção da ligação da chaminé.

Insuficiência de isolamento sonoro entre habitações do mesmo piso - soluções de reabilitação acústica 3

Reforço de isolamento integral no espaço recetor
Em situações limites com elevadas necessidades de isolamento sonoro, quer a sons aéreos, quer a sons de percussão, em particular quando os níveis de ruído gerados em compartimentos vizinhos são muito elevados, poderá justificar-se o reforço in­tegral de todo o espaço recetor, com reforço de pavimento, de paredes e de teto.

O procedimento a adotar deverá estar em conformidade com o artigo (Anomalias emelementos de compartimentação interior - Soluções de reabilitação 5).

Insuficiência de isolamento sonoro entre habitações do mesmo piso - soluções de reabilitação acústica 2

Execução de pavimento flutuante ou revestimento flexível
Situações com possibilidade de intervenção no local emissor
Para situações onde seja necessário apenas o reforço de isolamento a sons de per­cussão, de um determinado pavimento para compartimentos vizinhos adjacentes do mesmo piso, a execução de pavimento flutuante ou revestimento de piso flexível é uma solução simples e eficaz na minimização da transmissão de ruído de percussão, se for aplicada no pavimento do local onde é produzida a percussão (Figura-1).

O procedimento a adotar deverá estar em conformidade com o artigo  anteriormente publicado (Anomalias em elementos de compartimentação interior - Soluções de reabilitação 1)

Situações de inviabilidade de intervenção no local emissor (habitação adjacente)
A minimização da transmissão de ruído de percussão, para estas situações é compli­cada, passando geralmente pelo reforço integral do compartimento recetor. O procedimento a adotar deverá estar em conformidade com o o artigo  anteriormente publicado (Anomalias emelementos de compartimentação interior - Soluções de reabilitação 5)

Observações: Sendo a componente de transmissão por percussão geralmente muito menos relevante que a componente de transmissão aérea, a execução de um reforço apenas ao nível da parede de separação, executado conforme indicado no artigo (Anomalias em elementos de compartimentação interior - Soluções de reabilitação 1), acaba por ser satisfatória, para muitas das situações.

Insuficiência de isolamento sonoro entre habitações do mesmo piso - soluções de reabilitação acústica1

Reforço da parede de separação

Para situações correntes, onde se pretenda um reforço de isolamento a sons aéreos entre compartimentos do mesmo piso, a solução a aplicar poderá passar por manter a parede de separação existente e pelo reforço, de um dos lados, através de um elemento aligeirado, montado em forma de sanduíche. Para o efeito poderão ser executados dois tipos de soluções, uma mais simples, com menor desempenho, e outra com maior espessura, prevendo-se um maior desempenho.

Aplicação
Solução simples (Figura 1-a)
O reforço consiste na colagem direta à parede existente, de painel sanduíche de lã mineral ou de aglomerado de espuma de poliuretano flexível e de gesso cartonado (com espessura não inferior a 12,5 mm), que funcionará como revestimento final.
Solução de melhor desempenho (Figura 1-b)
O reforço consiste na aplicação de dois painéis em gesso cartonado (12,5 + 12,5 mm), fixos a montantes verticais, cujo contato com a parede de base, se necessá­rio, deverá ser efetuado através de apoio antivibratório de parede. Entre os montan­tes de fixação dos painéis deverá ser colocado material fonoabsorvente.
As soluções anteriores implicam o aumento de espessura da parede de separação (pelo menos em cerca de 50 mm, no primeiro tipo de reforço, ou cerca de 80 mm, no segundo tipo de reforço), e o consequente desvio de tomadas e rodapés.


 Situações de inviabilidade do aumento de espessura da parede (Figura 2)


Nas situações em que a parede de separação seja dupla, a solução alternativa po­derá passar pela demolição de um dos panos de alvenaria e a posterior execução de uma solução do tipo “sanduíche”, de forma a manter a espessura original, através do seguinte procedimento:
Demolição de um dos panos da parede de separação;
Execução de reboco do pano de parede a manter, do lado da caixa de ar, com espessura não inferior a 20 mm;
Colocação de uma camada de material fonoabsorvente;

Colocação posterior de um elemento do tipo sanduíche composto por, uma placa de gesso cartonado de 12,5 mm, com barramento nas juntas, fixa a montantes (apoiados no pavimento e no teto) entre os quais será colocada uma segunda camada de material fonoabsorvente, sendo esta fechada com duas placas de gesso cartonado sobrepostas (12,5 + 12,5 mm), fixas aos referidos montantes, com juntas desencontradas e totalmente calafetadas com barramento.

Insuficiência de isolamento sonoro entre habitações do mesmo piso

Descrição/formas de manifestação
Insuficiências de isolamento a sons aéreos: audição por vezes perfeita, de conversas ou de aparelhos de televisão ou rádio, bem como de outros ruídos produzidos no interior da fração de habitação.
Insuficiências de isolamento a sons de percussão: audição do arrastar de mobiliário, da queda de objetos e do caminhar sobre o pavimento, mas geralmente menos relevante que as insuficiências de isolamento a sons aéreos, uma vez que, neste caso, a sua transmissão se faz por via indireta, através das lajes de piso.

Causas comuns
Insuficiências de isolamento a sons aéreos: fraco desempenho acústico da pa­rede de separação entre habitações, em particular quando se tratam de paredes sim­ples em alvenaria de tijolo, podendo apresentar zonas específicas onde o isolamento é menor (por exemplo, no atravessamento de tubos de queda, condutas ou coretes).

Observações: No caso de edifícios de construção recente, com menos de 10 anos, estas paredes de separação são geralmente duplas, mas, em muitos ca­sos, o seu desempenho é muito inferior ao espetável, devido sobretudo a al­guns erros de execução, nomeadamente a falta de preenchimento de juntas de assentamento, a pequena espessura de reboco e a não existência de material fonoabsorvente na caixa de ar, entre panos.

Insuficiências de isolamento a sons de percussão: utilização de revesti­mentos de piso rígidos (em pedra, cerâmicos ou madeira) rigidamente ligados à laje de piso, que é geralmente contínua, entre compartimentos adjacentes.


Observações: No caso de habitações separadas com junta de dilatação, desde que executada corretamente, esta componente de transmissão por percussão é geralmente desprezável.

Anomalias em elementos de compartimentação interior - Soluções de reabilitação 6

Reforço de isolamento de pontos singulares de fraco isolamento (coretes)


Para situações onde se verifiquem quebras acentuadas de isolamento provocadas por “pontos fracos”, como acontece com o atravessamento de coretes, habitualmen­te em cozinhas e em casas de banho, deverá proceder-se ao reforço destes pontos fracos. No caso de coretes, este reforço poderá passar pelo preenchimento do inte­rior da corete com material fonoabsorvente, ver figura seguinte.
Aplicação

Para o efeito deverá proceder-se à execução de abertura para acesso ao interior da corete (a fechar posteriormente no mesmo tipo de material existente) e à criação de “rolhão” em lã de rocha de baixa densidade, mas compactada, entre o exterior dos tubos e/ou colunas e as faces interiores da corete, no mínimo numa extensão de 1 m junto ao teto e 1 m junto ao piso (ou de preferência em toda a altura de cada piso).

Anomalias em elementos de compartimentação interior - Soluções de reabilitação 5

Reforço de isolamento integral no espaço recetor
Para situações limites, com elevadas necessidades quer de isolamento a sons aére­os, quer de isolamento a sons de percussão, em particular quando os níveis de ruído gerados em compartimentos vizinhos são muito elevados, poderá mesmo justificar­-se o reforço integral de todo o espaço recetor, com reforço de piso, de paredes e de teto, ver Figura seguinte.



Aplicação
O reforço de isolamento integral poderá ser implementado através da sequência:
Execução de teto falso de reforço, suspenso com apoios antivibratórios;
Execução do reforço de todas as paredes envolventes do compartimento, e even­tualmente de pilares se existirem, devendo a solução ser montada sobre calço an­tivibrátil de suporte da calha de fixação dos montantes metálicos.
Execução de um sistema de piso flutuante


Este tipo de solução pode ainda ser mais eficaz, se em vez de ser aplicado no re­cetor, for aplicado no compartimento emissor onde a produção de ruído é elevada, por exemplo, na fração de alguém que pretende instalar um estúdio de ensaios de música, na própria habitação.

Anomalias em elementos de compartimentação interior - Soluções de reabilitação 4

Execução de teto falso
Para situações simples, onde se pretenda um reforço de isolamento a sons aéreos (ainda que limitado), relativamente aos compartimentos do piso superior, a solução a aplicar poderá passar pela execução de um teto falso simples.

Caso se pretenda um reforço de isolamento mais acentuado, permitindo ainda uma melhoria na minimização da transmissão de ruídos de percussão do piso superior (ainda que geralmente muito limitado, devido às transmissões marginais), reco­menda-se uma solução melhorada.


Aplicação
Teto falso simples (Figura -a)
O reforço consiste na execução de teto falso em gesso cartonado, com uma placa de 12,5mm de espessura, fixa a perfis metálicos suspensos com suspensão rígida, atra­vés de varão roscado, sobre a qual deve ser aplicado um material fonoabsorvente.
Teto falso – solução melhorada (Figura -b)
O reforço consiste na execução de teto falso gesso cartonado, com 2 painéis de gesso cartonado (12,5 + 12,5 mm), com juntas desencontradas (eventualmente melhorado com membrana elastómera autoadesiva entre painéis), fixos a perfis metálicos suspensos, com apoio de suspensão antivibratório, sobre os quais deve ser aplicado um material fonoabsorvente.

Nas soluções anteriormente indicadas, e em particular na solução b), não deverão ser embutidos luminárias ou grelhas de ventilação, ou elementos, que fragilizem o reforço de isolamento. Nestes casos, estes elementos devem ficar abaixo das placas de gesso.

Anomalias em elementos de compartimentação interior - Soluções de reabilitação 3

Execução de sistema de piso flutuante pesado

Em alternativa ao sistema de reforço aligeirado, igualmente com o objetivo de melhorar o isolamento a sons aéreos e de percussão, poderá optar-se por um sistema pesado, que poderá ser revestido por qualquer tipo de acabamento, incluindo pedra e cerâmicos, conforme indicado na figura seguinte. A solução b) corresponde, no entanto, a uma solução de desempenho substancialmente supe­rior (correspondendo a uma solução com um índice L’nT,w de valor inferior) ao da solução a). 


Aplicação
O reforço de isolamento pesado consiste na execução de:
Revestimento de piso diretamente colado sobre betonilha flutuante em micro­betão, executada sobre membrana resiliente, aplicada sobre o piso existente (Figura 3-a), devendo esta membrana impedir qualquer ligação rígida entre o piso de base, bem como dos elementos verticais (paredes e pilares);
Revestimento de piso diretamente colado sobre betonilha flutuante em micro­betão, executada sobre placa em aglomerado de espuma de poliuretano flexível (Figura 3-b), devendo na execução ser igualmente impedida qualquer ligação rígida para o piso de base e para os elementos verticais.

Qualquer uma destas soluções poderá ser aplicada sobre a laje ou betonilha de en­chimento existente, ou até sobre os próprios revestimentos existentes.

Na solução a), caso se pretenda melhorar o desempenho acústico, em particular no isolamento a sons aéreos, poderá aumentar-se a espessura da membrana resiliente, optando-se, por exemplo, por uma membrana de espessura variável em aglomera­do de borracha ou de cortiça e borracha, com espessura total não inferior a 10 mm.

Anomalias em elementos de compartimentação interior - Soluções de reabilitação 2

Execução de sistema de piso flutuante aligeirado

Para situações onde seja necessário, para além do reforço de isolamento a sons de percussão, um reforço de isolamento a sons aéreos rela­tivamente ao piso inferior, ainda que geralmente menos eficaz que o reforço de teto, a solução a aplicar poderá passar por uma das duas soluções indicadas na Figura seguinte:

Aplicação
O reforço consiste na execução de:
Soalho tradicional com espessura não inferior a 20mm pregado a réguas de fixação (sarrafos) estabilizadas, sobre membrana resiliente (Figura-a). Entre réguas, no espaço entre a membrana e o soalho de revestimento será colocado material fonoabsorvente;
Parquet flutuante (em madeira, derivados ou em painéis sintéticos, sobre mem­brana resiliente) ou revestimento vinílico, aplicado sobre placas de contraplaca­do ou OSB, de espessura não inferior a 16 mm, fixas a réguas antivibratórias com cerca de 30 a 50 mm de espessura (coladas ao suporte existente). Entre réguas será colocado material fonoabsorvente (Figura-b).

Qualquer uma destas soluções poderá ser aplicada sobre a laje ou betonilha de enchimen­to, ou até sobre os próprios revestimentos existentes, no caso de revestimentos cerâmicos.

Anomalias em elementos de compartimentação interior - Soluções de reabilitação 1

Soluções de reabilitação
Aplicação de revestimento de piso de elevada redução sonora
Para situações onde seja apenas necessário o reforço de isolamento a sons de per­cussão, de um determinado pavimento para compartimentos vizinhos, em particular para o piso inferior, a solução a aplicar poderá passar por uma das três soluções indicadas na Figura 1.
Aplicação
Revestimento de piso flexível, em vinílico “acústico”, ou ladrilhos em aglomerado de cortiça, ou de cortiça e borracha (Figura 1-a);
Ladrilhos em madeira ou derivados com base flexível em aglomerado de cortiça e/ou de borracha (Figura 1-b);

Parquet flutuante, em madeira, derivados ou em painéis sintéticos, aplicado sobre membrana resiliente, em fibras têxteis, aglomerado de cortiça e/ou borra­cha, ou em polietileno extrudido (Figura 1-c). 
Nas situações em que exista uma laje em betão, maciça ou aligeirada, com beto­nilha de enchimento de piso e eventualmente revestida a material cerâmico, e não se pretenda retirar os revestimentos existentes, o revestimento e respetiva base a aplicar poderão ser aplicados diretamente sobre o revestimento existente. Para situações com revestimento a madeira diretamente colada ao pavimento, recomen­da-se a sua retirada. As soluções a) e b) serão fixas à base através de colagem, enquanto que na solução c) a membrana resiliente fica simplesmente apoiada sobre a base e o parquet flutuante assente sobre a camada resiliente.
Na solução b), em alternativa ao revestimento em madeira ou derivados, poderá optar-se por ladrilhos cerâmicos ou em pedra, com base flexível em aglomerado de cortiça e/ou de borracha, igualmente com espessura não inferior a 4mm (de prefe­rência com colagem em fábrica). Contudo, neste caso, não poderão ser usados as habituais colas ou cimentos colas, mas sim colas flexíveis adequadas, compatíveis com as deformações impostas durante a utilização dos pisos (com assentamentos da ordem de 0,5 mm), que se deverão estender também às juntas entre ladrilhos.

Ressalva-se que na solução c), a membrana resiliente poderá ser de diversos tipos, mas se for em fibras têxteis (ou eventualmente em aglomerado de cortiça e/ou bor­racha), permitirá minimizar os níveis de “ruído de tambor” no próprio espaço emissor.

Anomalias em elementos de compartimentação interior

A deteção de anomalias ou de insuficiências acústicas no interior dos edifícios habitacio­nais, depois destes se encontrarem em utilização, pode ser realizada pelos próprios mora­dores e depois eventualmente interpretada e avaliada de forma mais detalhada por técnico desta área. Contudo, a correta avaliação, para posterior correção das insuficiências acústicas, exige muitas vezes o recurso a medições acústicas (geralmente de ruído e/ou de isolamento a sons aéreos e de percussão), e em alguns ca­sos, nomeadamente quando existem pontos fracos de isolamento, exige ainda condições de ensaio muito específicas, por vezes não normalizadas, e que devem ser acompanhadas por técnicos devidamente habilitados para o efeito.
Nas avaliações efetuadas com recurso a medições acústicas é frequente detetar-se incum­primento face aos requisitos legais atualmente aplicáveis, nos índices de isolamento a sons aéreos e a sons de percussão entre habitações e entre espaços comuns e habita­ções. Quando existe uma política de boa vizinhança, estas insuficiências são muitas vezes atenuadas por cuidados acrescidos por parte dos utilizadores (por exemplo, utilizando cal­çado que minimiza a produção de ruído, como chinelos ou pantufas, e evitando a produção de ruído quando sabem que podem incomodar o vizinho). No entanto, nem sempre se ve­rifica este uso cuidado das habitações, surgindo frequentemente reclamações a este nível, que na maioria das vezes tem fundamento e são consequência das insuficiências referidas. 
Insuficiência de isolamento sonoro entre habitações de pisos adjacentes
Descrição/formas de manifestação
Insuficiências de isolamento a sons aéreos: audição por vezes perfeita, de conversas ou de aparelhos de televisão ou rádio, bem como de outros ruídos produzidos no interior da habitação.

Insuficiências de isolamento a sons de percussão: sons produzidos pelo arrastar de mobiliário, pela queda de objetos sobre o pavimento, pelo caminhar de pessoas (em particular com calçado de saltos altos) ou animais, pelo varrer de uma vassoura, pelo ligar e desligar de interruptores (neste caso a forma mais simples de resolução passa por alterar as condições de fixação dos interruptores).
Observações: Existem contudo situações em que fortes insuficiências de isolamen­to a sons aéreos podem originar um agravamento dos problemas relacionados com a transmissão de ruídos de percussão.
Causas comuns
Insuficiências de isolamento a sons aéreos:
Reduzida massa das lajes de piso, particularmente quando estas possuem ele­mentos de aligeiramento embutidos, como acontece nas lajes de vigotas pré­-esforçadas com aligeiramento através de abobadilhas (solução muito comum em edifícios construídos na segunda metade do século passado);
Existência de atravessamentos da laje, através de chaminés, em salas, ou de coretes (por vezes não visíveis), para ventilação ou passagem de cablagem, condutas e tubos de queda.
Insuficiências de isolamento a sons de percussão:
Utilização de revestimentos de piso rígidos (em pedra, cerâmicos ou madeira) rigidamente ligados à laje de piso (sem a existência de uma camada resiliente a fazer a separação), que acontece na generalidade dos edifícios construídos sensivelmente até meados da primeira década deste século.
Observações: Em edifícios construídos recentemente, grande parte das betonilhas de enchimento de piso já foram executadas com uma camada resiliente entre a laje e a betonilha de enchimento (vulgarmente designada de tela acústica), mas é muito frequente a existência de pequenos defeitos de execução, que acabam por eliminar quase por completo a contribuição da camada resiliente.

Condicionamento acústico

Com a evolução tecnológica ocorrida nos últimos anos e o aumento dos níveis de ruído, especialmente em meios urbanos e suburbanos, associada à crescente necessidade de conforto, a proteção acústica dos edifícios, como forma de garantir um adequado conforto acústico no seu interior, assume uma importância cada vez maior nos dias de hoje. De um modo geral, esta proteção acústica, pode ser concretizada através da atuação ar­ticulada segundo quatro vertentes da acústica: o isolamento a sons aéreos, quer entre espaços interiores, quer entre o exterior e o interior dos edifícios; o isolamento de ruídos de percussão, transmitidos por via sólida, provenientes essencialmente do interior dos edifícios; o condicionamento acústico interior; e a minimização do ruído e vibrações produzidos por equipamentos mecânicos do edifício.
O isolamento acústico, a sons aéreos, entre dois compartimentos, depende não só do ele­mento de separação direto, em compartimentos contíguos, como da restante envolvente de cada compartimento. O aumento de isolamento pode ser conseguido, entre outras formas, através do aumento da massa e/ou da criação de elementos com duas ou mais camadas, sem ligação rígida entre si.
A transmissão de sons de percussão depende das transmissões diretas (no caso de trans­missão descendente, entre compartimentos adjacentes), bem como das transmissões marginais, através dos elementos adjacentes. De uma forma geral, a minimização do ruído transmitido por esta via pode ser conseguida, de forma bastante eficaz, através da utilização de revestimentos de piso flexíveis ou de pavimentos flutuantes aplicados sobre camada resiliente.
O estudo do condicionamento acústico interior, de um espaço fechado, depende sobretu­do da geometria do espaço, do tipo de revestimentos interiores e do recheio (mobiliário e ocupação), e visa a obtenção de um ambiente acústico adequado ao seu volume e às suas funções e/ou o controlo de ruído no seu interior.
A minimização do ruído e vibrações produzidos por equipamentos mecânicos, do próprio edifício onde se encontram locais recetores a proteger, acaba por estar muito dependente das vertentes anteriormente indicadas, no entanto, é muitas vezes prioritária a minimiza­ção da transmissão de vibrações por via estrutural e o controlo da transmissão ruído por via aérea, através de condutas ou através do meio exterior. A minimização das vibra­ções, à semelhança do isolamento de ruídos de percussão, pode ser conseguida através da aplicação de elementos resilientes e/ou de plataformas flutuantes sob os equipamentos, mas, neste caso, com necessidade de aplicação de espessuras muito superiores às utiliza­das para controlar a transmissão de ruídos de percussão (da ordem de 10 vezes superior). O controlo do ruído transmitido por via aérea diretamente através de condutas ou pelo ex­terior, pode ser concretizado através da aplicação respetivamente de atenuadores sonoros, em condutas, e de barreiras acústicas fonoabsorventes, na envolvente das fontes de ruído (equipamentos).
Interessa no entanto realçar que estas soluções, em muitos casos, constituem apenas ideias e esquemas de princípio das possíveis soluções a adotar, e que, na generalidade dos casos, é necessário uma avaliação acústica detalhada, por técnicos que dominem a área, com uma maior pormenorização e adaptação das soluções a imple­mentar. Refira-se que, a obtenção de condições acústicas adequadas passa pela adoção de soluções construtivas apropriadas, no entanto, a compatibilização com as condicionantes existentes e a correta execução em obra são normalmente decisivas. Uma solução de previsível elevado desempenho acústico pode resultar num fracasso, se forem cometidos erros de execução, mesmo que de pequeníssima dimensão.

A avaliação acústica, essencial na procura das anomalias existentes nos edifícios ou partes de edifícios a reabilitar, exige muitas vezes um complemento experimental em loco, atra­vés de medições acústicas. Efetivamente, para a generalidade dos casos, só é possível uma correta avaliação das insuficiências acústicas e a posterior escolha da solução de reabili­tação mais adequada, após a realização de medições acústicas, que hoje em dia acabam por não constituir grande entrave, uma vez que é elevado o número de laboratórios de medição existentes no país, sendo o custo relativamente reduzido. Chama-se no entanto à atenção, para a necessidade de uma criteriosa escolha dos técnicos e/ou das empresas a envolver neste processo de avaliação e de resolução de insuficiências acústicas, uma vez que se trata de uma área complexa e onde a formação dos técnicos que prestam serviços nesta área é muitas vezes insuficiente.

terça-feira, 22 de novembro de 2016

Tempo de reverberação - Procedimento de medição no local

Na determinação do tempo de reverberação pelo “método do ruído interrompido” de acordo com a norma NP EN ISO 3382-2:2011, o sinal produzido pela fonte sonora deve garantir, antes de ser desligado, um nível de pressão sonora estável em todas as frequências. Assim o sinal da fonte sonora deve ser produzido por um período de, pelo menos, metade do tempo espectável para o tempo de reverberação do compartimento. A avaliação da curva de decaimento, para cada frequência, é iniciada 5 dB abaixo do nível de pressão sonora inicial. Deve utilizar-se um intervalo (decaimento) não inferior a 20 dB nem tão elevado que impossibilite a aproximação da curva de decaimento por uma reta. Na determinação do tempo de reverberação pelo “método da resposta impulsiva integrada” de acordo com a norma NP EN ISO 3382-2:2011, a fonte impulsiva deve ter capacidade de produzir um nível de pressão sonora de pico suficiente para garantir que a curva de decaimento se inicie, pelo menos, 35 dB acima do nível do ruído de fundo na banda de frequências correspondente. Se, se pretender medir o T30, é necessário criar um nível, pelo menos, 45 dB acima do nível de ruído de fundo. A reposta impulsiva pode ser medida diretamente usando uma fonte impulsiva como um disparo de uma pistola ou outra qualquer fonte desde que ela própria não seja reverberante e o seu espectro seja suficiente largo.

Evolução da regulamentação acústica

A regulamentação acústica em Portugal teve início com a introdução da Lei de Bases do Ambiente (Decreto-Lei n.º 11/87 de 7 de Abril). No entanto o primeiro Regulamento Geral do Ruído (RGR) foi aprovado pelo Decreto-Lei n.º 251/87, de 24 de Junho e entrou em vigor a 1 de Janeiro de 1988. Este regulamento (RGR) reuniu legislação dispersa sobre o ruído e, no que se refere a edifícios de habitação, estabeleceu requisitos técnico-funcionais mínimos a observar nos processos de licenciamento relativos ao isolamento sonoro dos edifícios quer a sons de condução aérea das fachadas, quer a sons de condução aérea e percussão com origem em fogos contíguos. Classificou os locais para implantação de edifícios de acordo com os valores de nível sonoro produzido e proibiu a implantação de zonas residenciais ou edifícios escolares e hospitalares em certos locais (mas admitindo exceções). Sofreu, entretanto, algumas alterações e foi revisto pela primeira vez pelo Decreto-Lei n.º 292/2000, de 14 de Novembro, do Regime Legal sobre a Poluição Sonora (RLPS), que alargou o seu âmbito de aplicação, criou articulação com outras leis, reforçou a atuação preventiva, adotou figuras de planeamento específicas, regulou as atividades temporárias geradoras de ruído e do ruído de vizinhança, aperfeiçoou o regime sancionatório e a previsão de medidas cautelares. Em 26 de Março de 2002 foi publicado o Decreto-Lei n.º 76/2002 (Regulamento das Emissões Sonoras para o Ambiente do Equipamento para Utilização no Exterior), que teve por objetivo esclarecer e definir competências na área do ruído. O RGR foi revisto pelo Decreto-Lei n.º 09/2007, de 17 de Janeiro, com o objetivo de prevenção e controlo da poluição sonora, visando a salvaguarda da saúde humana e o bemestar das populações. Este Regulamento é aplicado às atividades ruidosas permanentes e temporárias e outras fontes de ruído suscetíveis de causar incomodidade e o ruído de vizinhança. O primeiro Regulamento dos Requisitos Acústicos dos Edifícios (RRAE) foi aprovado pelo Decreto-Lei n.º 129/2002, de 11 de Maio. O RRAE tem como princípios orientadores a harmonização, à luz da normalização europeia, das grandezas características do desempenho acústico dos edifícios e respetivos índices e a quantificação dos requisitos, atendendo, 10 simultaneamente, quer à satisfação das exigências funcionais de qualidade dos edifícios quer à contenção de custos inerentes à execução das soluções necessárias à sua verificação. A 9 de Junho de 2008, foi publicado o Decreto-Lei n.º 96/2008. A principal alteração ao RRAE, foi a alteração dos índices de isolamento sonoro a ruídos de condução aérea normalizados para padronizado. Foram ainda acrescentados novos tipos de edifícios.